Autora: Leandra Giacomelli
O mundo VUCA traz possibilidades incríveis para quem se permite observar e tentar entender melhor essa realidade desafiadora. Você e sua empresa estão preparados?
O mundo dos negócios está em constante transformação e se tornou vulnerável, incerto, ambíguo e complexo. As organizações estão sentindo o impacto destas mudanças ocasionadas principalmente pela conectividade e os avanços tecnológicos. A realidade que estamos vivendo hoje seja no ambiente político, social, ecológico ou financeiro nos mostra que devemos mudar a forma de gerir nossas empresas para potencializar as chances de sucesso nas organizações. Para fazer isso, o conceito VUCA pode nos ajudar a definir onde estamos e onde queremos chegar.
O conceito VUCA vem do inglês (volatility, uncertainty, complexity and ambiguity). Em português temos VICA - Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. Esta sigla surgiu no mundo militar no final dos anos 90, pela visão de oficiais em operação. Os acontecimentos neste cenário são caóticos e imprevisíveis. VUCA é hoje um dos termos mais utilizados para descrever a nossa realidade.
Em um momento de grandes incertezas e riscos, como estamos vivendo na gestão das empresas, este conceito nos ajuda a entender como administrar melhor os negócios, melhorando nossa forma de conduzir e avaliar as melhores estratégias para nos levar ao sucesso. Nesse mundo VUCA, mais importante do que o que a gente faz, é a rapidez com que nos adaptamos à mudança. Observe o quadro abaixo:
Volatidade: As mudanças estão cada vez mais rápidas. Tudo é volátil, o mundo é inconstante e nada é permanente. A duração dos acontecimentos muitas vezes é incerta, o conhecimento sobre as situações pode estar presente, mas o importante é que nossa ação seja rápida. Para isso, nossa estratégia precisa deixar de resistir às mudanças e, ao invés disso, seguir com elas.
Incerteza: É a falta de previsibilidade sobre o resultado futuro, assim, é absolutamente importante a análise dos dados do presente. Temos ainda, a quantidade de fatores a serem analisados que é virtualmente impossível de ser medida, pela sua relação não linear dentro do sistema e a evolução de sua interação à medida que o tempo passa.
Complexidade: Na cultura VUCA a complexidade se refere à conectividade e interdependência. Interações não lineares e resultados não previsíveis dificultam nossa capacidade de agir diretamente nos sistemas através de modelos tradicionais de controle de riscos. Em ambientes complexos, nós não sabemos diretamente o resultado de nossas ações.
Ambiguidade: A ambiguidade ocorre quando é muito difícil encontrar relação de causa e efeito ao analisar um acontecimento. Evidências são insuficientes para estabelecer o significado de um evento. Resultados podem ser interpretados de diversas formas e ter conhecimento da situação pode ser totalmente irrelevante. Podemos citar como exemplo o lançamento de um novo produto num mercado emergente ou criar um modelo completamente novo de negócio.
A pergunta que cada empresa precisa fazer não é mais se o seu negócio sofrerá uma ruptura, e sim, quando esta ruptura irá ocorrer. Este é o prazo que ela terá para se reinventar.
Um ponto chave na gestão de projeto VUCA está em permanecer monitorando todo o processo de mudança. É preciso fazer estudos do impacto destas variáveis em grandes projetos, antecipando possíveis riscos (oportunidades ou ameaças), e se necessário, fazer mudanças rápidas no projeto. Um planejamento para 5 ou 10 anos não é viável se não sabemos o que poderá acontecer nos próximos 3 meses.
Para obter sucesso na utilização do conceito VUCA, precisamos nos sobressair aos modelos organizacionais centralizadores. É necessário apostar na interdependência que pressupõe transparência e colaboração. Quanto mais hierarquizada for uma organização, maiores são as dificuldades de comunicação e o compartilhamento de informações, comprometendo a velocidade de execução dos planos táticos e estratégicos. As equipes precisam ser conectadas através de uma consciência de compartilhamento e a execução tem de ser incentivada.
A capacidade de criar direção, alinhamento e compromisso entre todos os integrantes da empresa para atingir um objetivo maior, é o que vai fazer a diferença nesse ambiente de transformação. É preciso ter uma equipe nota 10, saber lidar com ela e liderá-la.
As tecnologias exponenciais como a inteligência artificial, a robótica, a impressão 3D e o sensoriamento aliadas à internet das coisas estão mudando a natureza dos negócios. Praticamente desapareceram as fronteiras geográficas, setoriais e de negócios. Fica cada vez mais difícil entender as causas e os “quem, o quê, onde, como e porquê” que estão por trás das mudanças.
Este período de transição não é nada simples. Sair de um modelo atual para um novo requer novos recursos, processos, competências e principalmente abandonar modelos tradicionais que estão obsoletos. Uma saída comum nas empresas é investir em inovação. Precisam aproveitar o seu negócio atual enquanto exploram novos negócios e se reinventam. Conviver com dois negócios simultaneamente é complexo e um grande desafio.
As estruturas e processos que orientam o crescimento das empresas são as mesmas que matam as oportunidades emergentes. A resistência e o apego aos negócios atuais acabam confundindo a mente dos gestores sobre as mudanças que estão ocorrendo. Um exemplo disso foi o que aconteceu com a Kodak que superestimou o tempo de vida útil de seu negócio. Mesmo sendo a primeira empresa a fazer um protótipo da câmera digital em 1975, a empresa não acreditou que o seu negócio de filmes seria destruído pela digitalização e descartou a possibilidade de testar o mercado de câmeras digitais. A Kodak ficou tão presa ao sucesso do momento que não enxergou a possibilidade de mudança.
Qualquer setor hoje pode sentir a ruptura causada por um novo player tecnológico que pode surgir sem avisar vindo do vale do silício, ou de Israel ou de outro local onde o capital de risco, o empreendedorismo e a tecnologia estejam andando de mãos dadas. Alguns setores já sentem um impacto maior como o de mídia com a entrada de novos players como a Netflix, Instagram, Spotify, o do varejo como o Ebay, Amazon, Alibaba e o de turismo como o Airbnb, Booking, Trip Advisor. Até as indústrias mais tradicionais como saúde, energia e bancos já sentem a revolução tecnológica. As Fintechsque são uma evolução das startups financeiras, são também fruto da 4ª Revolução Industrial que marca nossa vida atualmente. No setor produtivo, fábricas inteligentes já começam a produzir itens customizados em larga escala, sem a necessidade de estoques. No mercado financeiro, essa revolução também vem mudando conceitos antigos e transformando o setor. Um exemplo disso é o Nubank que desenvolveu produtos financeiros totalmente digitais, menos burocráticos, mais transparentes e baratos e que desafiam o mercado dominado pelos grandes bancos.
Para competir com os novos negócios, os tradicionais precisam criar estratégias de ataque que aumentem suas forças - reconhecimento de marca, relacionamento com os consumidores, produtos e serviços de nicho para criar vantagens competitivas. Esta atitude não é simplesmente de incorporar a tecnologia dentro do negócio atual. Precisam entender o impacto da exponencialidade nos hábitos de consumo e antecipar as mudanças criando novas oportunidades.
Com isso, ou você encontrará mercados inexplorados (o que será maravilhoso!) ou estará alerta e poderá prever possíveis impactos rapidamente.
Em uma entrevista o presidente do conselho da Cisco Systems – líder mundial em TI e redes – John Chambers – mencionou que num horizonte de 10 anos, 40% dos consumidores de qualquer empresa desaparecerão. Os hábitos de consumo mudam com a entrada de novos players digitais que criam modelos de negócio que trazem mais conveniência, mais simplicidade e barateiam os serviços ou produtos existentes. A empresa que não consegue antever esta mudança acaba desaparecendo.
Para melhorar o processo de tomada de decisões em um ambiente VUCA precisamos descobrir como mudar nossos padrões de pensamento, como identificar nossos pontos cegos, como desafiar nossas premissas e estudar diversas possibilidades para tomar a melhor decisão, como estimular a intuição e insights para conseguir soluções sem conceitos tradicionais e como conseguir envolver toda a equipe independente da multidisciplinariedade e diversidade que exista.
Para auxiliar na tarefa de encontrar respostas aos “como” acima citados é necessário construir habilidades que toquem diretamente em cada tema diminuindo seus riscos e modificando a forma como conduzimos os projetos. Assim, foi criado um antídoto, também com o acrônimo VUCA: Vision (Visão); Understanding (Entendimento), Clarity (Clareza) e Agility (Agilidade) como nos mostra o quadro abaixo.
Figura 2 - Competências VUCA
- Visão(estratégica) – A volatilidade é atenuada através da criação de uma visão compartilhada e alinhamento sobre o mundo. Um ponto importante nas empresas de hoje, onde é preciso uma visão clara de para onde a empresa está seguindo. Envolve os seguintes elementos: foco, crença e alinhamento de visão. Foco para dar direção à organização, refletir sobre o propósito da empresa e idealizar um futuro promissor. Identificar oportunidades pensando globalmente. Acreditar em fatos e evidências assim como em si mesmo e na equipe. Desenvolver as habilidades de comunicação, criação e conexão. Garantir o compartilhamento dos valores organizacionais alinhando todos os colaboradores em torno do propósito da empresa.
- Capacidade de entendimento (pensamento crítico) – Em um ambiente de incertezas é fundamental a capacidade de análise e entendimento. Temos de desenvolver a curiosidade para nos perguntarmos por que as coisas são como são, desafiando o status quo na sua organização. Ter um espírito de aprendiz. A empatia para entender o pensamento diferente do outro explorando novas ideias, mantendo a mente aberta para refletir e buscar análises críticas e construtivas. Entenda seu contexto de negócio, não se compare com outros e não caia em fórmulas prontas para obter sucesso. Pratique a adaptabilidade e compartilhe informações. Permita que soluções cheguem de diversas áreas, incentive atitudes favoráveis para que os resultados apareçam.
- Clareza e amplitude – O líder precisa ter clareza para lidar com a complexidade. O desenvolvimento da intuição, simplicidade e pensamento sistêmico são vitais. A intuição faz uso da sabedoria apoiada no instinto e na experiência do líder. A simplicidade ajuda a ser menos dramático e amenizar a complexidade de algumas situações. O líder deve ser flexível e resiliente. O pensamento sistêmico faz com que seja observado o todo e o modo como as partes interagem compreendendo melhor sistemas complexos e dinâmicos.
- Agilidade – A agilidade é um elemento chave e abrange a capacidade de inovação, determinação e de empowerment. Um líder determinado se adapta com maior facilidade as circunstâncias e toma decisões ágeis e com confiança. Identificam o conhecimento que precisam desenvolver e adquirem o Know-how necessário. Inspiram e empoderam os colaboradores fomentando a inovação e a busca por fazer cada vez melhor. As empresas precisam se mover de uma cultura de controle e planos fixos para um contexto ágil e de redes. Grandes projetos precisam ser desmembrados em menores para que os times possam responder rapidamente às mudanças de ambiente.
Para vencer no ambiente VUCA todos devem ter uma mente aberta e um elevado índice de inteligência emocional. Os especialistas do modelo tradicional não existem no ambiente VUCA. Há uma grande utilização de ferramentas criativas e avançadas de solução de problemas complexos como Agile, Scrum, Big Data, User Experience e Design Thinking. A equipe é automotivada e se inspira no líder. O ambiente é dinâmico, informal e flexível com grande diversidade, heterogeneidade e múltiplas perspectivas.A informação é fluída e disponível a todos. Os erros não são punidos e o trabalho é feito de qualquer lugar em qualquer hora e os resultados compartilhados.
O maior ativo do século é o tempo e ele não pode ser desperdiçado com improdutividade. Para isso é vital eliminar o excesso de burocracia nas relações entre os setores e profissionais da empresa, diminuindo assim o tempo de resposta e ação entre os procedimentos.
O novo modelo de gestão demanda compromisso da alta direção em investimento e ações que fortaleçam a transição para que o novo formato de trabalho seja consolidado. Nenhum esforço trará retorno se os profissionais não conseguirem responder assertivamente aos estímulos e metas estabelecidas. Para isso o desenvolvimento constante da equipe em nível de excelência é necessário.
Empresas prontas para enfrentar a realidade VUCA sabem que não possuem as respostas para todos os desafios, mas estão dispostas e abertas a aprender.
Solicitar ajuda externa para mudanças nas áreas onde são identificados os maiores problemas pode ser extremamente benéfico, pois é uma ação rápida que traz para dentro do problema um profissional com amplo conhecimento, vivência e capacidade para apresentar novas ideias de soluções.
A Evolut está preparada para atender sua empresa, capacitando seus profissionais e auxiliando na tomada de decisão assertiva. Contamos com uma equipe multidisciplinar, com grande experiência, conhecimento e em constante capacitação para enfrentar os desafios da realidade VUCA.
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“Em um período de rápidas mudanças e crescente complexidade, os vencedores serão aquelas organizações que podem manter seus ritmos de aprendizagem maior do que a taxa das mudanças e maior do que a sua concorrência” Tom Hood